Jaque Vuelma
[PT] Diana Vreeland: uma mulher inesquecível

O barulho das jóias avisava que estava chegando... ela, com os seus cabelos curtíssimos estilo Chanel atrás da orelha, suas unhas e lábios vermelhos. Por muitos conhecida como "a rainha do estilo", uma mulher única, irónica, pioneira e visionária. Diana Vreeland é considerada a primeira editora de moda da história. Nasceu em Paris em 1903, viveu em New York, Londres, e quando voltou para New York foi convidada para escrever uma coluna na Harper's Bazaar. Quando aceitou esse trabalho declarou: "Mas eu nunca trabalhei antes. Nunca precisei me vestir antes do almoço!", sempre usando do humor e da ironia.
Intitulada "Why don't you", a sua coluna teve muito sucesso graças aos seus absurdos e irónicos conselhos, como "Por que você não usa três diamantes em seu cabelo como a Duchess of Windsor"? Pouco depois já virou editora de moda da revista e ocupou esse cargo por 23 anos. Naquele tempo as revistas femininas não falavam de outro que de argumentos sociais, com receitas de bolos e conselhos de amor (aff!). Ela revolucionou esta visão! Entendia a moda e a fotografia como arte, diferente do que muitos pensavam naquela época (go girl!). Independente do ambiente e do momento histórico, sempre teve uma prospectiva única e conseguia ver a beleza e a riqueza em todas as coisas, dando novos valores e contrastes.
Tinha uma beleza particular, não nos padrões da época, ainda mais aos olhos da sua mãe que sempre a tratava com desprezo. Cresceu no meio das coisas belas e do entusiasmo da Belle Époque de Paris.
Em 1962 virou editora da Vogue US, por 9 anos, até que foi demitida por gastar muito com lugares e viagens pelo mundo para realizar os editoriais, por exemplo o "The girl in the fabulous Furs" no Japão. A estética do seu trabalho misturava culturas, objetos exóticos, cores, glamour, sensualidade, modelos elegantes e resultava em trabalhos incrivelmente particulares e belos. Procurou dar as pessoas o que elas não tinham, estimulando a imaginação, levando-os em mundos e situações desconhecidas e oferecendo desejos. As fotos iam além da moda e contavam histórias fantásticas, capazes de criar sonhos e de dar uma áurea mágica até na vida cotidiana mais chata (para mim, essa é a chave do sucesso de um editorial de moda!). "Os olhos devem viajar" é a sua frase mais famosa.
Teve uma relação estreita e de impacto com as modelos e celebridades. Transformou modelos em famosos, dando personalidade, e transformou personagens e celebridades em modelos. Diana era fascinada a tudo que parecia ordinário e banal. Pensava que a realidade fosse chata, e criou esta nova realidade inspirada nas pessoas que conhecia e a fantasia. "Não ser tedioso!" era o seu lema. E é por isso que suas obras eram e continuam a ser admiradas. Ela celebrou o diferente, o feio, se alguém houvesse uma peculiaridade, seria a peculiaridade mais bonita de todas. Tudo bem ser estranho!

Quando deixou a Vogue, graças a sua amizade com Jackie O., virou consulente de vestuário no MET di New York. Redescobriu as belas e ricas peças do arquivo, dando vida a elas. Criou as mostras anuais, entre as mais memoráveis: "O mundo de Balenciaga" (1973), "Hollywood Design" (1974) e "Vanity Fair" (1977). Também idealizou o Met Gala, e a abertura dessas mostras é até hoje um dos eventos mais esperados aos amantes da moda.
Diana é uma das pessoas mais influentes na moda até hoje, inspirando principalmente quem, como eu, ama usar a moda para transmitir emoções. Sempre teve a capacidade de olhar as coisas que estavam mudando naquele momento, inclusive as subculturas, não aquilo que todos estavam vestindo, mas o que estava emergindo da sociedade. Por isso e outros, Diana não foi só responsável da moda apresentada nas revistas, mas também por criar a moda de um época inteira.